Testemunhas disseram que criminosos riram sarcasticamente durante o crime
Os três acusados de estuprar uma
turista americana no último dia 30 de março participaram de uma audiência de
instrução e julgamento na tarde de segunda-feira (20), na 32ª Vara Criminal da
Capital. Segundo o Tribunal de Justiça, os réus Jonathan Froudakis de Souza,
Walace Aparecido Souza Silva e Carlos Armando Costa dos Santos seguiram a
orientação de suas defesas e se recusaram a prestar depoimento. Todos respondem
por estupro, roubo qualificado, extorsão, corrupção de menores e formação
quadrilha. A sentença deve sair em dois meses.
Pelo menos quatro testemunhas da
acusação disseram, em juízo, que nunca viram crime de tamanha gravidade e
intensidade. Também relataram que, durante o fato criminoso, os réus riam
sarcasticamente.
Durante a audiência, duas
adolescentes, testemunhas da acusação, contaram ter embarcado na van na Praça
Serzedelo Correira, em Copacabana, zona sul, e disseram a americana e seu
namorado, um turista francês que foi agredido pelos acusados, já estavam no veículo.
De acordo com os depoimentos das
duas jovens, um dos acusados anunciou o assalto depois de terem passado em
frente ao Shopping Rio Sul e determinou que todos os passageiros entregassem
seus pertences, enquanto fazia ameaças. Elas disseram ainda que ele teria
mandado os passageiros abaixarem a cabeça e que teria gritado e xingado os
estrangeiros, que pareciam não ter entendido a ordem. Em seguida, as testemunhas lembraram que o
assaltante determinou que todos descessem da van, exceto o casal de turistas.
Terceiro a prestar depoimento, o
delegado Alexandre Braga, titular da Deat (Delegacia Especial de Apoio ao
Turismo), lembrou que a turista, apesar de bastante abalada, apresentou um
relato lógico e coerente e confirmou que os três acusados participaram dos
estupros. Ele declarou ainda que, com a divulgação na mídia das imagens dos
réus, outras vítimas do grupo procuraram a polícia.
O delegado assistente da DEAT
Rodrigo Brant afirmou que o conteúdo da
denúncia coincide com os relatos das vítimas. Ele disse que os réus,
durante o depoimento na delegacia, se mostraram frios e não apresentaram sinais
de arrependimento.
A inspetora da DEAT Vanessa
Combatassy, primeira a tomar depoimento dos turistas após o crime, declarou que
Jonathan, que inicialmente dirigia a van, foi o primeiro a estuprar a moça. Ele
teria mandado que ela tirasse a roupa, mas diante da negativa, lhe deu dois
socos no rosto. A jovem quebrou o nariz. Em seguida, o criminoso a violentou.
Imediatamente após, o acusado
Wallace repetiu a ação. A inspetora disse que a americana ficou nua durante
todo o evento criminoso.
A policial informou ainda que
acompanhou as vítimas a dois hospitais, onde tomaram um coquetel de remédios.
— Quando ela soube que o tratamento
seria longo, que poderia durar cerca de 20 a 30 dias, entrou em choque e
perguntava, incessantemente, se poderia voltar para os Estados Unidos e se
tratar lá.
O inspetor Jaime, da DEAT, disse
que um frentista passou à polícia a placa da van. Ele teria feito a anotação
por causa do comportamento alterado dos rapazes. A partir desta informação, foi
possível chegar rápido ao réu Jonathan e prendê-lo oito horas após o crime.
O policial declarou também que não
houve indícios contra o dono da van, que foi solícito e ajudou na investigação.
Ele revelou ainda que o terceiro réu, Carlos, estava junto com Walace quando
este último foi preso, mas que não foi preso nesta ocasião porque, na
delegacia, Jonathan havia dito que seus comparsas eram Walace e Tiago. Depois,
através de fotos do Portal da Segurança da Polícia Civil, viram que o suspeito usava o nome de Tiago
Felipe e, no facebook, Carlos Armando. Confrontando as fotos para os turistas,
Carlos foi reconhecido e a prisão decretada.
A defesa de Jonathan quis ouvir
duas testemunhas de caráter. Elas falaram ao juiz Guilherme Schilling que
conheciam há muito tempo o acusado e que ele sempre foi trabalhador. Uma delas
disse ainda que ele recebeu uma boa educação da família e que nunca passou
necessidades na vida, embora tivesse começado a trabalhar muito cedo.
Menor
Embora tenha se recusado a
violentar a jovem, o menor que estava junto com os três acusados bateu diversas
vezes no turista francês utilizando uma barra de ferro. Segundo o inspetor, a
polícia não o apreendeu rapidamente, pois só teve informações sobre ele quando
duas adolescentes foram à DEAT e contaram que o conheciam de um abrigo. O menor já prestou depoimento à Vara da
Infância e Juventude.
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