Líder da
al-Qaeda desde 2011, Ayman al-Zawahiri divulgou o que parece ser o primeiro
manual de conduta para jihadistas do grupo, segundo o Site, um serviço de
monitoração de mensagens de extremistas que as traduz para o inglês. Poupar não
muçulmanos e crianças, evitar o sectarismo, não se dedicar exclusivamente aos
EUA, mas também à luta contra americanos, russos, indianos e chineses em
territórios que deveriam ser muçulmanos são algumas das novas diretrizes do
grupo, que pretende dominar uma área que vai do Norte da África ao Noroeste da
China.
No comunicado, o líder terrorista pede que apenas alvos essenciais
dos EUA sejam atacados.
“Sobre os alvos de representantes da América, eles variam de lugar
para lugar. O princípio básico é evitar entrar em confronto com eles, com a
exceção de países onde o confronto seja inevitável”, diz al-Zawahiri nas
“linhas gerais da jihad”, publicadas na sexta-feira, segundo o Site.
No mesmo dia, uma outra mensagem atribuída a ele incitava ataques
individuais dentro do território americano, com a alegação de que, ao estimular
os altos investimentos dos EUA em segurança, o grupo estaria contribuindo para
o endividamento do país e fazendo “sangrar sua economia”.
Além de solicitar foco no ataque ao poderio americano, o líder
terrorista também lembrou da importância de enfrentar os russos no Cáucaso, os
indianos na Cachemira e os chineses em Xinjiang.
Apesar do estímulo ao ataque a grandes potências, Zawahiri
reconhece que o grupo precisa fortalecer suas bases, uma declaração que vai ao
encontro das afirmações dos EUA de que a guerra ao terror enfraqueceu o grupo.
“Nossa luta é longa e a jihad precisa de bases seguras”, afirma o
comunicado que sugere o Paquistão, onde se acredita que Zawahiri esteja, como
um “paraíso” para os jihadistas.
De acordo com o líder, membros da al-Qaeda devem evitar a luta
sectária e o ataque a mesquitas e mercados. Se for necessário se vingar de
algum grupo, recomenda o manual, os jihadistas devem limitar a resposta aos
envolvidos na disputa, evitando, por exemplo, grandes aglomerações de pessoas.
Entre os não muçulmanos, Zawahiri pede que cristãos, sikhs e hindus vivendo em
países muçulmanos sejam poupados.
O código de conduta foi interpretado por analistas como um esforço
do grupo para melhorar sua imagem dentro dos países muçulmanos para estimular o
alistamento de novos voluntários – especialmente durante períodos de
instabilidade em vários Estados árabes, como a Síria. Nesse país, atos de
selvageria de grupos associados à al-Qaeda enfraqueceram o apoio internacional
aos rebeldes que lutam contra o regime de Bashar al-Assad.
Fonte: O Globo
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