Uma nova rede social criada por um
morador do Distrito Federal conquistou quase um milhão de usuários em menos de
três meses. Os cadastros foram feitos por pessoas que moram na capital federal,
em diversos Estados brasileiros e até em outros continentes e países, como
Estados Unidos, Europa, África e Ásia.
O criador é o ex-publicitário Carlos
Henrique do Nascimento, de 35 anos. A ideia surgiu há três anos como uma
brincadeira. O objetivo inicial era tirar o foco do filho, que na época tinha
oito anos, de criar uma conta no Facebook.
— Eu tinha conta lá e comecei a
receber muito conteúdo inadequado. Notei que não havia controle no site deles e
por isso não queria que ele criasse a conta. Aí comentei com meu filho: vamos
fazer a nossa própria rede social. Ele topou e o projeto começou a ser colocado
em prática.
Mesmo
sem muitos conhecimentos na área de internet, informática e desenvolvimento,
Nascimento escolheu junto com o filho o nome da nova rede social: Mirtesnet (www.mirtesnet.com.br).
A escolha foi feita para homenagear ironicamente a mulher, que não queria que o
marido e o filho continuassem com a ideia.
— Quis colocar o net no final para
dar ideia de internet. Mirtes é o nome da minha mulher e ela achou muito ruim
quando ouviu "Mirtesnet". Ficou legal, gostei e coloquei, mesmo
contra a vontade dela. Até porque apelidos são para isso, né? Quando alguém
gosta do apelido que você coloca, nem tem tanto efeito. Agora quando não gosta,
fica interessante e o nome pega pra valer.
No início, o site era projetado com
tons de azul e permitia postar notícias e comentários. A manutenção custava R$
29,90 por mês. Começou com 40 usuários e esse número foi crescendo a cada dia,
mesmo sem muita divulgação. Quando percebeu que o negócio estava indo bem,
Nascimento decidiu aprimorar o projeto.
Sem dinheiro para investir, vendeu
algumas coisas que tinha, pediu demissão do antigo emprego e contou com a ajuda
de um amigo de uma década e empresário da área de consultoria jurídica,
que passou para frente um carro avaliado em R$ 9 mil e cedeu uma sala comercial
que ele tem em um prédio na área central de Brasília para sediar o
empreendimento do amigo.
Com o dinheiro recebido, algo em
torno de R$ 13 mil, Nascimento contratou programadores profissionais para
remodelar o sistema e o site. A nova versão, lançada há três meses, é produzida
em tons de laranja e lembra bastante o Facebook, mas com identidade e
funcionalidades próprias.
Agora, o site tornou-se em uma rede
social de verdade e permite publicar conteúdos, vídeos, fotos, mensagens,
comentários, além de promover a interação entre as pessoas. Para o criador, o
diferencial é o controle feito automaticamente pelo sistema, que evita postagem
de material pornográfico, e a permissão para que o usuário adicione quantas
pessoas desejar, sem limite de pedidos.
— O objetivo é aproximar pessoas
desconhecidas de qualquer lugar do mundo, não somente os amigos. Amigo por
amigo usa o celular ou email para se comunicar. As outras redes sociais
bloqueiam a conta quando você adiciona um número grande de pessoas e se é rede
social isso não deveria acontecer.
No ar e ainda em fase de testes, a
nova versão do site agora passa por "ajustes finos". O programador
Natanael Lopes, de 23 anos, disse que está bem empolgado com a ideia e encara
essa jornada como um "grande desafio".
Ele
tem experiência na área há três anos, mas antes trabalhou como lavador de
carros. Determinado a melhorar de vida, investiu nos estudos e começou a
aprender a programação. Durante a entrevista ao R7, ele afirmou que é gratificante
trabalhar em um projeto tão grandioso e de sucesso como tem sido o
desenvolvimento dessa nova rede social.
— É um desafio, um grande desafio. O
problema é que uma rede social como essa envolve todos os conceitos e práticas
possíveis no mundo da programação, o que torna o trabalho bem mais difícil.
Aqui no escritório trabalho das 9h às 17h, mas fico horas em casa estudando
para colocar em prática novas ideias e soluções para o site no dia seguinte. É
bom saber que tenho alguma participação nesse projeto e ver o reconhecimento
das pessoas. Um milhão de usuários em tão pouco tempo é gente pra caramba.
O próximo passo agora é finalizar o
site e criar novas funções para os usuários. Contratação de novos profissionais
e a compra de um servidor também fazem parte dos projetos a curto prazo
do empreendedor, uma vez que o site recebe cinco mil novos cadastros por dia e
tem, em média, 70 mil visitas diariamente.
Anunciantes
Para ajudar a pagar as despesas e a
manter o site no ar, Nascimento abriu espaço para publicidade. O local
destinado aos patrocinadores é bem parecido com o do Facebook e atualmente
existem cinco empresas que fecharam contrato e pagam por mês R$ 500.
— O projeto está crescendo e tomando
proporções que nunca imaginei e agora não posso nem quero parar. O salário do
programador é R$ 2 mil e a mensalidade de hospedagem do site subiu para R$ 629.
Meu amigo também me ajuda financeiramente quando pode, mas não é sempre que
isso é possível. Apesar do grande sucesso, ainda não estou tendo lucros e todo
o dinheiro que entra é revertido para quitar as dívidas contraídas para tornar
esse sonho em realidade. Estamos correndo contra o tempo.
O nome e a marca foram patenteados e
um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) aberto. Agora, Nascimento faz
planos grandiosos para um futuro próximo. A expectativa dele é conquistar o
Brasil e o mundo a curto prazo, com uma rede social genuinamente brasileira.
— Quero que ela se torne a primeira
grande rede social brasileira e seja a mais conhecida do Brasil. Assim como as
pessoas perguntam hoje se fulano tem "perfil no face", em breve vão
falar que têm "perfil no mirtes". É só questão de tempo e acredito
muito que vai dar certo. Até minha mulher que antes não gostava já apoia a
ideia. Aos poucos vamos dar uma identidade totalmente personalizada, com aquele
jeitinho brasileiro de ser.
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