Provocaram mal-estar no PT as
declarações do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho,
acerca das vaias e xingamentos recebidos pela presidente Dilma Rousseff
na abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho, no estádio Itaquerão, em
São Paulo. As informações são de reportagem desta sexta-feira (20) do
jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Contrariando o discurso adotado pelo
partido – e pelo ex-presidente Lula –, Carvalho afirmou que os
xingamentos a Dilma não partiram somente da “elite branca”.
No domingo, Lula aproveitou a convenção
estadual do PT para homologar a candidatura do ex-ministro Alexandre
Padilha (Saúde) ao governo de São Paulo para conclamar militantes a
fazer uma campanha contra o “ódio da oposição e das elites” ao partido, à
presidente Dilma e ao prefeito paulistano Fernando Haddad – uma reação
aos índices em declive de aprovação de Dilma e ao desgaste do PT.
Em encontro com blogueiros alinhados,
Carvalho também adotou o discurso do ódio – mas atribuiu as vaias à
falha do partido em combater os “ataques da mídia”. Afirmou: “A coisa
desceu. Isso foi gotejando, de água mole em pedra dura, isso de que
somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa
história pegou. Na elite, na classe média, e vai gotejando, vai
descendo. Porque não demos o combate, não conseguimos fazer o
contraponto”.
Ao reconhecer que a insatisfação com o
governo atinge todas as classes sociais, Carvalho irritou os
companheiros. “Acho que a declaração do ministro está fora de propósito,
porque os fatos falam por si”, afirmou ao jornal o vice-presidente do
PT José Guimarães (CE), irmão do mensaleiro José Genoino, que endossou a
tática de vincular os insultos à parcela da sociedade.
De acordo com a publicação, nos
bastidores do partido comenta-se que Carvalho cometeu “sincericídio” ao
observar que esta eleição será mais difícil para o PT. “Respeito muito a
opinião do Gilberto, mas discordo dele”, afirmou ao Estado Vicente
Paulo da Silva, Vicentinho, líder do PT na Câmara. “Quem estava lá não
era o povo de Itaquera. Era o povo que não representa nem mesmo a
população de São Paulo”.
Popularidade para as eleições
Pesquisa Ibope divulgada nesta
quinta-feira (19) aponta queda na aprovação do governo Dilma Rousseff:
entre março e junho deste ano, o número de entrevistados que avaliam o
governo como ótimo ou bom cai de 36% para 31%. O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tinha 75% de aprovação ao final de seu segundo
mandato. O porcentual daqueles que consideram o governo ruim ou péssimo
passa de 27% para 36%. Já o índice da população que aprova a maneira de
governar da presidente Dilma cai para 44%. Ao todo, 50% dos
entrevistados desaprovam a maneira de Dilma governar.
A confiança na presidente também caiu:
52% não confiam na presidente, ante 47% registrados em março. O
levantamento constata que, quanto maior o grau de instrução, menor o
índice de aprovação ao governo. Entre os entrevistados que têm até a
quarta série do ensino fundamental, 44% consideram o governo ótimo ou
bom. Entre aqueles com ensino superior, o índice cai a 22%.
Fonte: Veja
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